Como a teoria integral pode ajudar você a encontrar o responsável pela sua crise pessoal, econômica e política
Uma das mais notáveis características deste mundo novo que está sendo construído nas últimas décadas, principalmente nos últimos trinta anos, é que hoje temos acesso a praticamente todas as culturas do mundo. Como enfatiza o filósofo contemporâneo Ken Wilber: O próprio conhecimento é hoje global. Isso quer dizer que, também pela primeira vez a soma total do conhecimento humano hoje está praticamente à nossa disposição. O conhecimento, a experiência, a sabedoria e a reflexão de todas as grandes civilizações humanas, pré-modernas, modernas e pós-modernas para ser estudada por qualquer pessoa interessada.
Devido a este fator histórico, muitas pessoas do mundo todo estão procurando por um mapa capaz de guiá-las por meio deste novo modelo de gerir, produzir e processar o conhecimento que está sendo disponibilizado, principalmente por meio das novas tecnologias. Por isso ele propõe um sistema de exploração e desenvolvimento dos potenciais humanos, que podem ser adquiridos a partir de infinitas possibilidades de se relacionar com estes saberes, provindos das mais diversas culturas do planeta.
Um mapa integral que leve em conta todos os sistemas e modelos conhecidos do desenvolvimento humano. É preciso ressaltar também que estes elementos estão disponíveis à própria percepção, de forma que a principal tarefa é aprender a localizá-los em qualquer evento que circunde nossas vidas. A finalidade deste exercício é acelerar o desenvolvimento rumo a níveis mais elevados de ser, aperfeiçoar as os relacionamentos, a fim de calcar o nível mais elevado de excelência e realização no trabalho e na vida pessoal.
Resumidamente, a abordagem integral nos permite perceber a nós mesmos, como o mundo que nos rodeia, de maneira mais abrangente e afetiva. Considera-se assim o desenvolvimento do ser integral em suas dimensões ou aspectos físicos, mentais, psicológicos e emocionais, este último em especial, assim como prover e manter o desenvolvimento integral. Com uma orientação integral, as esferas internas de uma pessoa e seus aspectos externos comportamentais, bem como os aspectos coletivos de uma cultura e o reino sistêmico, podem ser avaliados e todas as ligações inter-relacionadas igualmente acomodadas.
Duas lentes de base que a estrutura integral diferencia são a dimensão interior / exterior e a dimensão individual / coletivo. O cruzamento dessas lentes dá quatro quadrantes ou domínios que representam quatro diferentes perspectivas. Estes incluem o interior do indivíduo ou autoconsciência (EU), exterior do indivíduo ou comportamento como promulgação (ISTO), interior do coletivo ou cultura (NÓS) e exterior do coletivo ou do sistema (ISTOS).
O primeiro quadrante envolve a realidade intrapessoal ou interna de uma pessoa, o segundo domínio trata os aspectos comportamentais do indivíduo; o terceiro quadrante engloba todos os coletivos internos, questões comuns da vida social e cultural e, por fim, o último domínio abrange os aspectos coletivos externos de ordem estrutural ou funcional, mecanismos e condições econômicas, sistêmicas e políticas. Todos os quatro quadrantes delinearam o desenvolvimento, o crescimento, ou a evolução Isto é, todos eles apresentam alguns níveis de desenvolvimento, não como degraus rígidos em uma escada, mas se desenrolam como fluídos e ondas de escoamento. Assim, o modelo pode ser estendido dinamicamente por uma série de diferentes fases e linhas de desenvolvimento.
Muitas teorias de desenvolvimento psicológico propuseram modelos de fases para explicar o surgimento, através do tempo de vida, dos componentes básicos do funcionamento humano e crescimento global. Estes estágios representam os níveis de organização e complexidade. Os níveis de desenvolvimento referem-se ao que está sendo desenvolvido como "ondas" generalizadas de existência. Assim, o modelo pode ser estendido dinamicamente por uma série de diferentes fases e linhas de desenvolvimento.
As linhas de desenvolvimento refletem capacidades inatas e funções dentro das fases. Como tal, eles codeterminam a capacidade de uma pessoa para aprender e executar com sucesso em várias circunstâncias. As linhas de desenvolvimento dizem respeito a desenvolvimentos complexos, como cognitiva (pensamento estratégico), emocionais (inteligência emocional), interpessoal (consciência social, empatia), comportamentais (gerencial), conhecimento e aprendizagem desenvolvimentos ou linhas éticas e morais.
Assim,
as linhas de desenvolvimento crescem ao longo do tempo, através do
aumento de níveis complexos de educação, maturidade e habilidade.
Mas também há linhas atrasadas de desenvolvimento que
representam áreas específicas de deficiências, ou não forças. Estas
capacidades subdesenvolvidas podem ser um fator limitante para a
eficácia ou sucesso. Com isto existe a necessidade de identificar e
avaliar, assim como medem os níveis de proficiência em cada linha
principal de desenvolvimento.
Acredita-se, que neste modelo, todo processo de crescimento e de desenvolvimento parte do nível micro para o macro. Um bom exemplo é o processo de desenvolvimento orgânico de qualquer estrutura viva, que parte sempre de uma estrutura menor ou menos complexa, em direção a uma estrutura maior, ou mais complexa. Esta ideia, que está fundamentada em práticas científicas e racionais, parte da seguinte premissa: todo nível de consciência interior vêm acompanhado de um nível de complexidade física exterior. Ou seja, quanto maior a consciência, mais complexo é o sistema que a abriga.
Outro exemplo é o desenvolvimento da própria consciência por meio da evolução natural das espécies, partindo do tronco cerebral reptiliano, que abrigava uma consciência rudimentar voltada apenas para a satisfação de necessidades básicas como de fome, sensações fisiológicas e atividades sensório-motoras. Passando para o sistema límbico dos mamíferos, as sensações básicas se expandem e evoluem de maneira a incluir sentimentos, desejos, necessidades e impulsos sexuais bastante sofisticados. Com a evolução, avançando para estruturas mais complexas como o neocórtex, a consciência se expande novamente para incluir todos os aspectos advindos com o desenvolvimento da racionalidade e cognição reflexiva nos seres humanos.
Procura-se ilustrar na figura que o desenvolvimento da consciência está diretamente relacionado com o aspecto evolucionista dos organismos vivos, e é propiciado pelo igual desenvolvimento de uma estrutura física de maior complexidade, por meio da qual ela é capaz de existir e de se manifestar. Este exemplo procura apenas ilustrar o movimento da consciência partindo de uma estrutura micro para uma estrutura macro, que neste caso foi associada com uma entidade física orgânica. Chegamos neste ponto para justificar cientificamente uma idéia que já foi reforçada em outros textos: “Toda a transformação, em qualquer aspecto da vida, parte de dentro para fora, e tem a consciência como seu ponto de partida.”
Ghandi já dizia: Seja a mudança que você quer ver no mundo. Trouxemos o modelo da teoria integral de Ken Wilber para embasar cientificamente esta fala. Não se trata apenas de um clichê, mas deve ser empregada como um mantra nestes tempos de crise. Estamos hoje em dia muito preocupados em encontrar os “bodes expiatórios”, aqueles que são os verdadeiros culpados pelo nosso sofrimento e desgraça, seja ela pessoal, econômica, cultural ou política.
A verdadeira revolução é silenciosa e pacifica, se dá em equilíbrio e de forma processual, justamente porque ela parte do nível da consciência, precisamos silenciar, precisamos meditar e refletir onde estão os nossos erros. Precisamos ser humildes, honestos e justos com nossos semelhantes, para que eles também possam perceber seus erros com sabedoria, a fim de corrigir seus caminhos nas suas próprias linhas de desenvolvimento.
Os talentos são os potenciais orgânicos de cada um que precisam ser explorados e desenvolvidos. A predestinação implica em reconhecer quais linhas de desenvolvimento já estão traçadas, procurando expandir os seus níveis. Então, neste trabalho partimos da conscientização dos aspectos que precisam ser delineados dentro do seu mapa integral, e partimos para a ação comportamental, procurando colocar estes aspectos em prática. No aspecto coletivo, procuramos influenciar culturalmente nossa estrutura social, por meio de novos valores e práticas culturais de produção e consumo consciente de bens e serviços sustentáveis, a partir das novas condições tecnológicas, sociais, ambientais, e sistêmicas.
